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Publicado no jornal 100% Vida por Tais Azevedo

 

TERAPIA DO LUTO

“Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
                                                      Eu deixo a porta aberta
                                                      Eu não moro mais em mim” Música:Metade A. Calcanhoto

   A única certeza que temos na vida é de que a morte é inevitável. A morte é uma possibilidade presente em nossas vidas o tempo todo. Já diz o ditado: "para morrer basta estar vivo". Esta consciência sobre nossa prévia existência nos norteia para aproveitarmos nossa vida no momento presente, pois o amanhã não é certeza tão pouco garantia.

   Geralmente não gostamos de falar sobre a morte, alguns até se arrepiam só em pensar, outras já se emocionam ao lembrar de que já sentiram a perda de um ente querido, é uma dor tão profunda, que parece que nunca vai passar. Certa vez ouvi de uma grande amiga que a dor da morte de uma pessoa que amamos não passa, nós é que descobrimos uma maneira de nos adaptarmos a ela, e desta maneira conseguimos voltar a viver nossas rotinas da melhor maneira possível.
   “A experiência do luto é poderosa. Assim também é a sua capacidade para ajudar a curar a si mesmo. Ao viver o processo do luto, a pessoa está se movendo em direção a um renovado senso de significado e propósito em sua vida.” (Wolfelt)

   A terapia do luto, é comum em vários países, as pessoas enlutadas são acompanhadas por psicólogos para que possam viver essa fase, deixando a dor da ausência ocupar seu espaço, e assim podermos passar por suas fases, que podem ser de negação da morte, raiva, depressão, culpa, descrença em Deus, conformismo, etc…e não escondê-la dentro de nós, pois quando fazemos isso, o luto torna – se crônico, nos martirizamos ainda mais com a dor da perda.

   Quando perdemos alguém importante em nossas vidas nosso coração se parte, nosso corpo se quebra, nossa respiração arde, ficamos frágeis, enfraquecidos, precisando de colo, de atenção, e de reviver todas as memórias, chorar e falar sobre a pessoas que se foi. As vezes as pessoas precisam de  “autorização para sofrer”,  muitas vezes a pessoa que sofre precisa ouvir frases como por exemplo : ““Expresse a sua dor livremente, ”Permita-se sofrer: alguém que você ama morreu. É permitido chorar”, “Ignorar a sua dor não irá diminui- la e falar sobre isso pode fazer você se sentir melhor”,  “Chorar não vai fazer o morto ficar triste nem atrapalhar o caminho dele”,. “Conecte –se sua fala com seu seu coração, não fale racionalmente sobre seus sofrimentos., “Fale com seus outros filhos sobre a morte e, se tiver vontade, chore com eles”, “livre-se da culpa” , “você pode ser feliz de novo”.

   E através desta expressão de nossos pensamentos e sentimentos que acontecem livremente a respeito da morte que se dá a terapia do luto e esta expressão é parte crucial para a cura.
As vezes as famílias se unem diante da morte, outras se silenciam por um longo tempo, as vezes não conseguem lidar com toda a situação e se isolam, logo após a falecimentos os amigos e vizinhos se solidarizam com a pessoa que sofre, mas em alguns dias as rotinas deles voltam ao normal e a pessoa fica sozinha sem ter ouvidos, braços, e acolhimento necessários para a superação.


   Na terapia do luto você tem este espaço, de ser ouvida, acolhida, dando espaço para a saudade, e devagarzinho vamos colando os pedaços daquele coração partido, até que ele se recupere e aprenda a continuar vivo dentro de você apesar das cicatrizes.

   Os principais objetivos no acompanhamento psicológico no luto são:

-Primeiramente permitir que o paciente viva o luto, promovendo o espaço para as manifestações de sofrimento, o que em muitas vezes  são encarados como fraqueza, fazendo com que o enlutado não encontre espaço para expressar seus sentimentos.

-Realizar a prevenção de situações de desequilíbrio familiar após a perda de um membro da família, afim de manter a união e o compartilhar da dor com franqueza, evitando o pacto de silêncio.

-Readaptar a pessoa que sofre com o luto a desempenhar alguns papéis que antes não desempenhava o que as vezes é muito difícil e o progresso lento.

-Prevenção de perdas secundárias ao luto, como a separação conjugal, no caso de pais que perdem filhos, pois esta configuração é muito freqüente durante o primeiro ano após a morte.

-Estimular e orientar os pais enlutados a retomarem o cuidado com os filhos que ficam.

-Realizar a identificação e a resolução dos conflitos causados pela ausência do ente querido.

-Vivenciar os pensamentos e sentimentos que antes eram evitados.

-Identificar, descrever e remanejar as situações mais problemáticas d dia a dia.problema.

-Valorizar os bons momentos e alimentar a alegria quando ela vier.

-Redescobrir o prazer e o sentido da vida.

-Ajudar o enlutado a retomar suas atividades profissionais identificando, conjuntamente , qual será o melhor momento.

   Peça ajuda, sempre que precisar!

 

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