Que tal falar sobre o que sente?

Refletindo sobre nossos sentimentos.

É muito comum chegar em meu consultório pessoas buscando o auto conhecimento. Julgam – se vazias, si mesmo, perdidos diante das fases a vida.

A maioria não conseguem expressar o que sente, parece que seus sentimentos são inomináveis. É comum termos dificuldades em trabalhar com nossos sentimentos, afinal falar sobre eles é uma forma muito delicada e íntima de falarmos de nós mesmos,  e as vezes parece que ficamos parados e largados ao tempo.

Aprendemos desde muito cedo a nos mascarar, se pensarmos em nossa infância nos lembraremos de nossos familiares nos ensinando a sermos como eles, duros diante de nosso sofrimento. Aprendemos ainda pequenos que não podemos demonstrar sentimentos comuns a todos como a  raiva, inveja, frustração,  vergonha, não cabia a insegurança, medo, o choro. Fomos ensinados que certas coisas não se fazem na frente dos outros e nossos pais tinham uma grande lista de nossos sentimentos e embutidos nela. A idéia era de nos educar, mas com isso aprendemos a nos mascarar, nos disfarçamos de pessoas menos sensíveis e ao mesmo tempo reprimimos nossos sentimentos. As vezes era difícil para os pais ouvir os reais sentimentos de seus filhos, seja pela falha da comunicação familiar, pelos tabus,  pelo receio de sentir – se pais ruins tomando para si as dores dos filhos, ou até mesmo nós ainda crianças nos calamos para proteger nossos pais das preocupações de nossas incertezas, solidão, tristeza e dor . O fato  é que fazemos isto tantas e tantas vezes que escondemos de nós mesmos nossos sentimentos, aprendemos desde cedo a ouvir o apelo de um mundo que pede por pessoas ‘fortes” e conseguimos manter este falso ser por certo tempo, mas percebemos que é muito difícil segurar , pois tudo o que ficou lá acumulado um dia retorna a se manifestar e tende a sair. Inconscientemente criamos situações muito parecidas com a qual já vivemos para voltamos a .

Se vivemos ainda crianças traumas ou experiências ruins de solidão, abandono, tristeza, abusos, pânico e não recebemos apoio de alguém para que pudéssemos falar sobre, questionar,refletir, entender, sentir- se seguro e protegido, podermos manifestar nossos reais sentimentos.Podemos recriar as mesmas situações futuramente, em nossos relacionamentos e assim teremos a oportunidade de manifestar os sentimentos reprimidos de outrora, nosso  inconsciente trabalha com a fantasia de resolver o trauma original, por isso nos colocamos em situações que nos faça sentir  os mesmos sentimentos.

Por exemplo, uma criança que sofreu com o sentimento de rejeição, pode procurar reviver as mesmas situações de rejeições em seu futuro. A intenção é clara, mas complexa, clara porque a idéia é de se resgatar em meio deste sentimento que a aterroriza mesmo após vários anos, mas complexa pois tende a manter a mesma postura, pois uma vez  aprendida, tende a ser repetida e assim sucessivamente.

É comum escutar a fala,” quero um emprego onde eu seja respeitada, mas todas as empresas que entro são iguais, ninguém me respeita”. Ou gostaria de um companheiro presente, carinhoso, mas meus namorados são sempre iguais, sempre me deixam só.

Para a desejada superação precisamos de ajuda, precisamos ter alguém com quem possa contar o que sentiu, ter espaço para viver seu luto e fazer suas elaborações. Falar sobre o que sentimos nos  dispostos a aceitar e superar o que de ruim nos aconteceu. A psicóloga Tais Azevedo, trabalha com o paciente destacando os pontos positivos da capacidade de voltar a falar sobre, dando sustentação nos momentos críticos e dolorosos, pontuando as defesas que criamos e nos mantém no circulo vicioso.

Todo o processo de psicoterapia não é fácil, as pessoas temem  sentir mais dor entrando em contato com seus traumas, muitos evitam em falar no assunto, se constrangem em situações similares, mas esta fuga só traz mais dor. Não é possível colocar uma pedra sobe o trauma e não falar sobre o assunto, pois eles continuam existindo e nos machucando.

Com o passar do processo psicoterapêutico criamos oportunidades de retirarmos aquela mascara colocada ainda na infância e construímos oportunidades de nos olhar de frente, assumindo nossos medos, inseguranças, traumas e enxergamos as possibilidades  reais de nos defendermos contra as violências externas, encontrar nosso equilíbrio, e nos permitir vivenciar as reais oportunidades que a vida nos oferece diariamente.

Mas para isso é preciso que você dê o primeiro passo.

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